Todo o ano é a mesma coisa. Chega janeiro, e os pingo de chuva caem todas no chão, não me deixando descansar em meu travesseiro, não me deixando parar quieta no colchão. Tudo é um belo motivo pra pensar em você, o cheiro, o frio, a falta do que fazer. Mas sinto um alivio, sabendo que com esse dia, com sua imagem que não paro de ver, de que isso, isso! Me dar inspiração para escrever.
Ouço as crianças correrem na rua, aproveitando a água que cai, como muitas vezes fiz, como muitas vezes, aquela incrível liberdade eu senti. Senti aqui, bem perto de mim, sentimento que agora, não encontro, mesmo fugindo das coisas que não me deixam dormir.
Queria novamente, correr para rua em dias de chuva. Queria agora, no auge de minha juventude, em dias de chuva, tocar tua pele nua. Quero um dia, em minha vida adulta, parar e simplesmente ver o belo dia de chuva passar, na varanda de minha bela casa que pretendo um dia comprar. Quero na minha confortável velhice, olhar para chuva e ver que o mundo foi muito bondoso comigo, que minha vida molhou e secou muitas vezes. Que houve dias em que o tempo fechou e só havia trovões, mas que houve dias em que o sol raiou e só o arco-íris fluía.
Nesses novos velhos dias de chuva, sentir tua falta é a única coisa que não é nova aqui, em todos os verões, em todos os outonos, nas primaveras e nesses obscuros dias de chuva, você é que me faz sempre refletir. Você me faz sorrir, mesmo não estando aqui, me faz chorar, mesmo não querendo me magoar. Me transforma em poeta, quando está a me amar, me transforma em um poeta melhor ainda quando está a me odiar.
Novamente: — Dias de chuva! E eu estou a esperar a chuva passar, o vento cessar, os trovões pararem, para a minha vidinha eu retomar e o meu amor por você eu continuar a guardar dentro de um segredo, um grande segredo que não posso contar. Mas, rezo, peço, quero que nos próximos dias de chuva você esteja aqui comigo vendo mais um dia de chuva passar.
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